
Do Impulso ao Gesto
Núcleo de Pesquisa do Movimento
Aqui introduzo um pouco mais o que é a pesquisa na qual venho me dedicando e o desdobramento do percurso que comecei a contar em Minha História.
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Como eu disse lá na Home, depois de entrar em contato com a obra da Cie. Dos à Deux - grande inspiração -, passei a investigar o comportamento do corpo no processo de criação dos meus alunos e do meu próprio. Para além da virtuose, como o corpo pode expressar universos e através dele criar mundos e narrar histórias.
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Durante esses anos lecionando a grade de Expressão Corporal, pude entrar em contato com diversos corpos em criação e acompanhar os diferentes modos de agir neste processo. Repertórios, vivências, traumas, descobertas, tudo afeta ou é afetado durante um experimento cênico.
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Entrar em contato com o corpo e observar seus modos de reagir ao mundo é uma liberdade inspiradora. Mas a conscientização de sua própria materialidade criativa por vezes pode apresentar um caminho árduo. Por me colocar também como pesquisadora, compreendo os lugares onde o prazer e o medo de se perceber corpo habitam.
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Nos é exigido, a nós artistas, em nosso ofício, que tenhamos total desprendimento para que possamos construir diferentes obras com toda a liberdade e sem julgamentos. Ao mesmo tempo, vivemos num meio onde a aparência rege as oportunidades de trabalho, relacionamento e convívio social. Então, como se desprender dos pré-conceitos ao qual somos impostos diariamente e algumas vezes cruelmente auto-impostos? Como conseguir enxergar a beleza e a potência criativa e construtiva de todos os corpos mesmo com toda a vulnerabilidade que lhe é inerente?
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Ao longo desses anos, vi cenas belíssimas e corajosas de alunos e artistas que entraram na sala de ensaio com muito frio na barriga e com muito medo. Entendi que o olhar atento na condução dos experimentos e um olhar voltado para o indivíduo, mesmo quando é uma criação coletiva, germinam um solo fértil para o trabalho acontecer. Dentro da sala de ensaio deve haver um ambiente respeitoso e generoso. Como um pacto, os que ali estão, devem ter ciência de que todos têm habilidades e fragilidades e se colocar empaticamente no processo é necessário para ele florescer.
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Foi, então, que desenvolvendo uma pesquisa de dramaturgia física em sala de aula, surgiu a vontade de aprofundar essa pesquisa, iniciando com o trabalho Memórias Outonais - Por uma poética do silêncio na pós-graduação. Um estudo da gestualidade na narrativa física e a construção da dramaturgia da cena. E agora dou continuidade a essa investigação no Núcleo de Pesquisa - Do Impulso ao Gesto, almejando abrir novas possibilidades de descoberta, diálogos e reflexões com os alunos e artistas no processo de criação.
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